"Cristãos na teoria nem sempre são
discípulos na prática"



sábado, 4 de agosto de 2018

Nossas Escolhas...

Se existe algo capaz de deixar qualquer pessoa insegura e “sem chão” é a imprevisibilidade. Estamos sempre à procura de estabilidade, segurança, duas ou três opções no caso de alguma falha. O estilo de vida atual tem reforçado essa tendência, com toda sua capacidade tecnológica de cercar-nos de previsões e proteções contra o inesperado e indesejável. A cada dia que passa, tornamo-nos mais capazes de prever os acontecimentos, saber onde e quando haverá furacões e tempestades, planejar nosso futuro, controlar nosso destino. E, como em tantas outras áreas, tentamos passar o padrão humano de planejamento e previsibilidade para a esfera espiritual. Queremos administrar a vida, com agendas humanas, esperando que Deus colabore e entre no nosso jogo, fazendo com que tudo aconteça conforme o previsto, sem surpresas desagradáveis.
Só tem um pequeno problema: Deus não segue agendas humanas! Tudo o que ele faz (de acordo com Ef 1.11) segue um plano que Paulo chama de “mistério da sua vontade” (Ef 1.9). Esse plano pode até ser revelado para nós, porque está nas Escrituras, porém depende da ação do Espírito Santo e de vários fatores sutis e misteriosos do coração humano, como sede, humildade, quebrantamento, quietude e maturidade no conhecimento de Deus. Precisamos rever nossas agendas, ver nossas prioridades e entender como temos servido a Deus. Josué passou por um momento de tomada de decisão (Josué 24), onde ele priorizou fazer a vontade de Deus e gostaria de ponderar alguns pontos sobre como estamos servindo a Deus:
Podemos servir a Deus sendo orientados pelas Escrituras
“E disse o povo a Josué: Serviremos ao Senhor nosso Deus,
e obedeceremos à sua voz.” (Josué 24.24).
Não podemos servir a Deus, sendo uma bênção para o mundo se não somos um exemplo dentro de casa. O que somos no lar é o que refletimos no mundo. Fomos criados por Deus para viver em harmonia, não em oposição a Ele! A nossa vida familiar é o alicerce do nosso testemunho para os de fora. Uma família onde o marido agride a esposa com palavras e atitudes; uma família onde a esposa não se submete ao marido, antes o trata com desprezo. Uma família onde os pais provocam os filhos à ira e os tratam com amargura, deixando-os desanimados. Uma família onde os filhos desonram os pais e rejeitam seu ensino e exemplo não pode servir a Deus nem ser luz para outras famílias. Precisamos de famílias que vivam em harmonia, que cultivem relacionamentos saudáveis, que andem segundo a Palavra de Deus. 
Quando entendemos que ser um discipulo de Cristo tem efeitos diretos na família, pois na família é onde passamos a maior parte de nossas vidas. Portanto a qualidade de vida no lar tem um efeito fundamental sobre o nosso testemunho como discípulos de Cristo. Por isso, precisamos ser vigilantes, pois vivemos em meio a uma sociedade moderna onde os lares não tem fundamentos, vivem em conflitos e guerras. Precisamos ser sal, luz para as nações. Amados, um detalhe importante, lembre-se: A palavra testemunho começa com: T-E-S-T-E ou seja, você está o tempo todo sendo testado em paciência, perdão, motivação... Aprenda a superar pela força do Espírito Santo que está em você e ai você terá um testemunho tremendo!!! 
Como discípulos de Cristo, precisamos ser as pessoas a quem Cristo habita. Essa é nossa identidade fundamental. Ela não pode ser tirada de nós, não está sujeita a mudanças. A ideia essencial aqui é que nossa identidade deve moldar nosso comportamento, mas vivemos em um mundo no qual o inverso é que é verdadeiro: “O comportamento é quem determina nossa identidade”. Porém, nós não pertencemos a este mundo. Essa não é a nossa identidade. Mantemos o nosso coração e nossa mente em Cristo: “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra...” (Colossenses 3.1-2).
Podemos servir a Deus com o abandono de práticas que desonram ao Senhor
“Agora, pois, temei ao Senhor, e servi-o com sinceridade e com verdade;
e deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais além do rio e no Egito,
e servi ao Senhor.” (Josué 24.14).
O povo de Israel ao entrar na terra prometida começou a se esquecer de Deus, a murmurar contra Deus e a imitar o culto dos povos pagãos. Entregaram-se à imoralidade e à idolatria. Cometiam várias práticas pecaminosas e fizeram alianças perigosas que acabaram destruindo a própria nação. O pecado é sorrateiro e sutil. O diabo é um estelionatário e o pecado é uma fraude. O pecado parece inofensivo e aparentemente apetitoso. Mas, aqueles que se rendem a ele, acabam prisioneiros e atados com grossas correntes. O reflexo de uma vida feliz é aquela que busca a santificação, que lança fora de sua vida aquilo que é abominável ao Senhor. Que não põe diante dos seus olhos coisa imunda. Que não introduz dentro de sua casa bens mal adquiridos. Que não transforma o lar num ambiente de intriga, discussões amargas e maledicências sem fim. Somos felizes quando decidimos amar a Deus e abolimos o pecado de nossas vidas.
A família bem-aventurada abandona toda forma de mal e busca ansiosamente as coisas lá do alto, onde Cristo vive. 
Podemos servir a Deus através da renovação de propósitos elevados que glorificam ao Senhor
Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio,
ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais;
porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor.” (Josué 24.15).
Precisamos constantemente rever nossos conceitos e valores e ter coragem de mudar, buscando sempre realinhar nossa vida aos princípios da Palavra de Deus. Devemos restabelecer valores cristãos em nosso caminhar diário. Devemos manter sempre acesa no altar da nossa vida a chama da oração. Precisamos amar a Casa de Deus, tendo prazer de buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e Sua justiça. Devemos restabelecer no lar a prática do diálogo regado de compreensão e amor. Precisamos ser cautelosos nas críticas e, pródigos nos elogios. Precisamos ter disposição para perdoar e jamais guardar mágoas no coração. Precisamos investir mais e cobrar menos. Precisamos fazer da nossa casa o melhor ambiente para se viver. Precisamos, à semelhança de Josué dizer: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Josué 24.15).
Concluindo, existe, no entanto, outra questão: mesmo que tenhamos alguns vislumbres do maravilhoso plano de Deus e de como nossa vida pode ser inserida n’Ele, ainda não há garantia de que saberemos como andar, passo a passo, dentro da perfeita vontade de Deus. Na verdade, Deus faz questão de nunca dar, antecipadamente, um mapa completo da nossa jornada espiritual. Quanto mais maturidade e conhecimento dos caminhos de Deus, menos previsibilidade do futuro, segurança humana ou controle da situação. A vida com Deus é realmente, como Jesus revelou a Nicodemos, semelhante ao vento: imprevisível, intangível, indefinível. A natureza humana talvez nunca consiga acostumar-se com isso, mas ser guiado pelo Espírito Santo, requer dependência incessante e abertura para mudar nosso sofisticado planejamento e o adequarmos à direção d’Ele.
Senhor, muda nossas agendas!
Ensina-nos a abandonar nossos vãos esforços humanos e a remir o tempo para ti, entrando no mistério da tua vontade!

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Vivendo plenamente o amor!


"Ó coríntios, a nossa boca está aberta para vós, o nosso coração está dilatado. Não estais estreitados em nós; mas estais estreitados nos vossos próprios afetos. Ora, em recompensa disto, (falo como a filhos) dilatai-vos também vós." (2 Coríntios 6.11-13). Paulo nos ensina neste texto a importância do amor para enfrentarmos as dificuldades da vida cristã. Estamos vivendo em meio a muitas situações difíceis, muitas coisas estão acontecendo no mundo, no Brasil, em nossa cidade e estas situações influenciam em muito, nossas atitudes. E por mais que lutemos, essas situações abalam nossa forma de demonstrar o amor de Cristo. As mas influencias destes dias acaba abalando nossos relacionamentos.
Mais do que nunca estamos vivendo dias onde precisamos demonstrar o verdadeiro amor a uma sociedade tão corrompida de valores e carente do amor que temos para compartilhar. Como disse, Paulo, esta nos ensinando a importância do amor para enfrentarmos este mal de nossos dias.
O AMOR PRECISA SER CONFESSADO
“Para vós outros ó coríntios, abrem-se os nossos lábios...” (2Co 6.11)
Paulo nos exorta a declarar o amor de Cristo para as pessoas. O amor precisa ser declarado e não apenas sentido, as pessoas no mundo tem buscado desesperadamente sentir o amor, porém, o amor é uma ação e uma atitude, mais do que apenas um sentimento.   
Paulo está nos mostrando que o amor não pode ser fingido (vs. 6), pois o amor de Cristo não pode ser vencido pelo mal. É o amor que não paga o mal com o mal, mas vence o mal com o bem. Sem amor, nossas palavras, por mais eloquentes que sejam, produzem um som confuso e incerto. Sem amor, mesmo que ostentando os dons mais excelentes como profecia, conhecimento e fé nada seremos. Sem amor nossas ofertas podem ser egoístas, visando apenas o nosso engrandecimento em vez de promover a glória de Deus e o bem do próximo. Sem amor nossos gestos mais extremos de abnegação, como o próprio martírio de nada nos aproveitará.  
Precisamos aprender que o amor de Cristo é o oxigênio do Reino de Deus. Juan Carlos Ortiz diz que o amor é o sistema circulatório do Corpo de Cristo. O cristão é conhecido não apenas pela sua teologia, mas sobretudo pelo seu amor, que é confessado em sua vida. O amor, a essência da vida cristã. O amor é a prova da maturidade cristã. Paulo sempre destacava as três virtudes cardeais do cristianismo: a fé, a esperança e o amor, mas o amor é o maior destes.
O AMOR DEVE SER DEMONSTRADO
“...e alarga-se o nosso coração. Não tendes limites em nós, mas estais limitados em vossos próprios afetos” (2Co 6.11-12).
Não podemos apenas falar do amor de Cristo, precisamos alargar o nosso coração para que esse amor tão divino seja demonstrado em afetos para aqueles que estamos pregando. O amor de Cristo não era apenas por palavras, mas era demonstrado com profundidade.
Temos aprendido a represar o amor e sem perceber deixamos de demonstrar as pessoas o amor de Cristo. Por ficarmos influenciados por acontecimentos e notícias, vamos esfriando no amor e não demonstramos mais afetos.
Um comentarista cristão do século 18, disse que as restrições de afetos dos coríntios mostravam uma falta de amor e um espírito crítico muito cruel no meio deles. Eles chegaram a criticar a pregação de Paulo e sua forma de agir no meio deles. A integridade do evangelho estava sendo atacada, pois eles queriam misturar a forma de viver dos ímpios e suas filosofias humanistas com a pureza do evangelho. Eles estavam querendo viver um evangelho dividido e misturado com a sabedoria humana.  E estamos vivendo essa mesma tendência em nossos dias, a tendência de querer o evangelho e alguma coisa a mais. A tendência de rejeitar a simplicidade e a pureza do evangelho.   
Enquanto Paulo nos mostra que nosso amor pelas almas precisa ser demonstrado, corremos o risco de ficarmos como os coríntios e esfriarmos em nossos afetos. A palavra que Paulo usa para demonstrar o real sentido de afetos, refere-se propriamente aos nossos principais órgãos internos e é usada para descrever a sede de nossas emoções mais profundas.
A evidência maior de que somos discípulos de Cristo não é nosso conhecimento nem mesmo os nossos dons, mas o amor. Jesus é categórico neste ponto: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros”. O amor é a prova dos nove, o sinal mais visível, a marca mais distintiva, a evidência mais eloquente de que somos seguidores de Jesus. Aquele que não ama nunca viu a Deus, pois Deus é amor. Aquele que não ama ainda está nas trevas. Não somos salvos pelo amor, e sim pela graça; mas evidenciamos nossa salvação pelo amor. O amor não é causa da nossa salvação, mas sua evidência irrefutável. O amor não é apenas um apêndice da vida cristã, mas sua própria essência. Não é apenas um dentre tantos argumentos que evidenciam nosso discipulado, mas o argumento final, o argumento irresistível.  
O AMOR DEVE SER RETRIBUIDO
“ora como justa retribuição (falo-vos como a filhos), dilatai-vos também comigo” (2Co 6.13).
Precisamos estar preparados a dar e receber amor. Aqueles que recebem amor devem retribuir amor. Paulo nos ensina que precisamos encher o nosso coração com amor para compartilhar com todos!  O mundo está olhando para a igreja. É impossível deixar de vê-la uma vez que ela é como uma cidade no alto de um monte. Se o amor for a marca distintiva que nos caracteriza como cristãos, isso produzirá impacto nas pessoas. Se o amor for apenas um discurso vazio, uma caricatura desta suprema virtude, então, seremos causa de tropeço para aqueles que olham para nós. É tempo de sondarmos o nosso próprio coração e examinarmos a nossa própria vida, a fim de saber, se de fato, estamos sendo conhecidos pelo critério do amor verdadeiro, como discípulos daquele que nos amou e a si mesmo se entregou por nós. O que a percepção humana não pode alcançar (com os olhos, com os ouvidos e com nossos sentimentos) o amor de Deus que nos é revelado pelo Espírito Santo.  Deus tem preparado coisas maravilhosas para que possamos compartilhar e essa sabedoria só pode ser compartilhada através do amor de Deus e não por atitudes humanas.
Concluindo, Paulo nos mostra que somos o campo onde Deus semeia seu amor! Cristo comparou o coração humano a um terreno onde a semente da palavra é semeada (Mateus 13.10, 18-23). O Senhor nos vê como um campo de deve produzir frutos para Deus. Que nosso coração possa ser alargado e nossos lábios possam estar sempre abertos para levar vidas para Cristo.