"Cristãos na teoria nem sempre são
discípulos na prática"



segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O valor de uma vida



Uma pergunta deve permear o nosso coração ao lermos Marcos 5.1-20: “Quanto vale uma vida para Jesus?” Podemos responder esta pergunta à luz do texto concluindo que Jesus fez um alto investimento na vida deste homem, pois Ele enfrentou a fúria do mar (Marcos 4.37-41) e depois a fúria deste homem possesso. Marcos diz que Cristo vai de um mar agitado a um homem agitado. Humanamente pensando podemos dizer ambos eram indomáveis, mas não para Jesus, para Ele este homem tinha valor! Todos já tinham desistido dele, menos Jesus. Jesus não vê dificuldades para salvar uma vida. Essa é a expressão do infinito amor de Jesus.  Uma segunda pergunta se torna importante neste texto: “Quanto vale uma vida para satanás?” Satanás roubou tudo de precioso da vida deste homem: Sua família, sua saúde (física e emocional), sua dignidade, sua paz e decência. Havia um poder incomum dentro daquele homem, transformando sua vida um verdadeiro inferno. Diante destas questões que Marcos nos mostra neste texto, podemos ver três forças operando na vida deste homem: “Satanás, a sociedade e Jesus Cristo.” Gostaria de compartilhar com vocês alguns pontos:
O QUE SATANÁS FAZ PELAS PESSOAS
    No texto de Marcos 5 podemos ver que satanás não faz nada pelas pessoas, mas contra as pessoas. Ele não da nada, pelo contrário, ele tira tudo. Satanás domina as pessoas através da possessão. “E, saindo ele do barco, lhe saiu logo ao seu encontro, dos sepulcros, um homem com espírito imundo...” (vs. 2). A possessão demoníaca não é um mito, mas uma triste realidade. Milhares de pessoas hoje vivem em cadeias e prisões do pecado. Este homem gadareno não estava no controle de sua vida, suas palavras e atitudes eram determinadas por espíritos imundos, que determinavam seus atos. Reflexo de uma vida carregada de ódio e rancor. Foi como aconteceu com Judas, satanás entrou nele e destruiu sua vida (“Jesus respondeu: É aquele a quem eu der o bocado molhado. E, molhando o bocado, o deu a Judas Iscariotes, filho de Simão. E, após o bocado, entrou nele Satanás. Disse, pois, Jesus: O que fazes, faze-o depressa.” João 13.26-27). E algo muito triste aqui é vermos o efeito de uma vida separada de Deus e sem esperança. Uma vida sem temor, sem amor próprio, ferindo-se a si mesma e espalhando terror aos outros.
O QUE A SOCIEDADE FAZ PELAS PESSOAS
     A sociedade por meio de seus poderes constituídos tem a responsabilidade de cuidar da ordem publica. Seu papel é promover o bem e coibir o mal. Mas, infelizmente temos visto o poder publico desistindo de manter a ordem. O que vemos hoje é uma sociedade que isola as pessoas problemáticas e as joga em prisões. As prisões não libertam as pessoas, nem as transforma ao contrario, elas tem se tornado mais violentas ainda (“Porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões em migalhas, e ninguém o podia amansar.” Vs. 4). A sociedade não tem poder para resolver o problema do pecado e nem para libertar as pessoas das garras de satanás. A sociedade não pode fazer nada por esse homem e se conformou a viver junto dele. E ao invés de se alegrar com o que Jesus fez por ele pede para Jesus se retirar de suas terras. Somente o evangelho transforma. Somente Jesus liberta. Não há esperança para o homem, para a família e para a sociedade à parte de Jesus.
O QUE JESUS FAZ PELAS PESSOAS
     Jesus se manifestou para destruir as obras do diabo (“Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo.” 1 João 3.8). Diante da autoridade da palavra de Cristo aquele homem ficou livre. Cristo é o libertador dos homens! Aonde Ele chega, os cativos são libertos. Jesus devolve a dignidade aquele homem (“E foram ter com Jesus, e viram o endemoninhado, o que tivera a legião, assentado, vestido e em perfeito juízo, e temeram.” Vs. 15). Aquele que vivia perturbado, correndo de dia e de noite, sem descanso para a mente e o corpo, agora esta sereno, quieto, assentado aos pés de Cristo. A prova da conversão é a mudança! A conversão sempre deixa visível pontos importantes de uma nova vida, a Bíblia nos mostra vários exemplos, posso citar ao menos um: “Zaqueu” Que antes era um amante do dinheiro ao se converter a Cristo, devolveu metade de seus bens aos pobres. Aonde Jesus chega, Ele restaura a mente, o corpo e a alma. Esse homem não é mais violento, ele não oferece mais nenhum perigo a família nem a sociedade. Jesus dá a esse homem uma gloriosa missão (Vs. 18-20). Jesus envia-o de volta a sua família como um missionário em sua casa, para testemunhar entre seus amigos e familiares. Aquele que antes espalhava medo e horror, agora anuncia o evangelho do reino. O que antes era um problema para a família, agora é uma benção!
    Concluindo, neste texto Jesus nos ensina que nosso testemunho começa em nossa casa. Nosso campo missionário deve ser aqueles que fazem parte de nossa rotina diária. As pessoas precisam ver a transformação que Cristo operou em nossa vida. O que Deus fez por nós, precisa ser visto e anunciado aos outros!

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Jardim do Coração


“Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada. Os teus renovos são um pomar de romãs, com frutos excelentes, o cipreste com o nardo. O nardo, e o açafrão, o cálamo, e a canela, com toda a sorte de árvores de incenso, a mirra e aloés, com todas as principais especiarias. És a fonte dos jardins, poço das águas vivas, que correm do Líbano!” (Cantares de Salomão 4.12-15). Conforme lemos essa bela descrição do jardim do Senhor, percebemos cinco características marcantes na figura do que deveria ser nosso coração para com Deus. Primeiro, o jardim do Senhor é um jardim fechado. Segundo, é um jardim com águas, com uma fonte selada. Terceiro, é um jardim frutífero. Um paraíso de romãs, cheio de frutos. Quarto é um jardim perfumado, com árvores odoríferas e todo tipo de especiarias. Por fim, é um jardim refrescante no qual as “águas vivas” fluem, e o perfume rescende pelo mundo inteiro. Um jardim fechado. Se o coração é para o prazer do Senhor, então tem de ser um “jardim fechado”. Isso significa um coração separado do mundo, preservado do mal, e consagrado totalmente para o Senhor. Podemos afirmar que na última oração do Senhor Jesus vemos o desejo de Seu coração de que Seu povo pudesse ser um jardim fechado. Ouvimos o Senhor dizer ao Pai que os Seus são um povo separado. “Porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.” E novamente deseja que sejam um povo preservado: “Peço… que os livres do mal”. E, acima de tudo, que sejam um povo santificado: Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17.14-17). A menos que Cristo envolva nossos pensamentos e emoções, nossa mente rapidamente será tragada pelas coisas deste mundo e o coração não será mais um jardim fechado, jardim do Senhor. Mas, será um lugar de morte (Romanos 6.23) e de secura, “terra salgada e inabitável” (Jeremias 17.6).

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Uma espera ansiosa


O texto de Lucas 22.14-20 trata sobre a comemoração da páscoa. Esta que seria a ultima refeição que Jesus comeria com seus discípulos. No ápice da ceia, Jesus se levanta e diz: “Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes do meu sofrimento. Pois vos digo que nunca mais a comerei, até que ela se cumpra no reino de Deus.” (vs. 15-16).  Jesus fala com clareza como desejava por este momento, Ele vinha esperando dia e noite por esta ceia. Algo me intriga aqui, por que aquele momento era tão importante? Poderia um jantar entre amigos representar tanto para Ele, o que havia de tão especial naquela mesa, a ponto d’Ele dizer palavras incomuns em seu vocabulário, ou seja, dizer que “a esperava ansiosamente?”.  Jesus nunca havia dito antes que esperava algo com tanta emoção!
Para os discípulos, seria somente mais uma noite de comunhão e comida farta, mas para Jesus aquela refeição era diferente de todas as outras: “Pois Ele estaria cumprindo a sua missão, aquela ceia romperia com todo o jugo das trevas, em Cristo o Pai cumpriria todo o Seu propósito de redimir toda a humanidade da escravidão do pecado.”
Eles estavam comemorando a páscoa e a páscoa era uma festa feita anualmente para lembrar a libertação do povo de Israel de todo cativeiro do Egito (Onde cada família imolava um cordeiro e aspergia seu sangue sobre umbrais das portas e a sua carne, uma vez ingerida, supriu forças para o povo iniciar sua jornada rumo a Canaã, a terra prometida).  Portanto, a páscoa era uma festa alegre, para se comemorar a liberdade que Deus operou.  Porém, os discípulos não estavam entendendo que Jesus estava se identificando como o cordeiro da páscoa, para nutrir, alegrar e libertar todo aquele que confessar o Seu nome (Romanos 10.9). João Batista ao se encontrar com Jesus já tinha proclamado: “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo...”
Naquela mesma noite Jesus já tinha ensinado seus discípulos um ato de amor e serviço. Ao lavar os seus pés, Jesus demonstrou a unidade e a necessidade dos discípulos lutarem contra o individualismo. No gesto de seu mestre eles estavam aprendendo uma nova forma de se relacionar, com tolerância, ajuda mutua, aprender a se doar. A ser um em Jesus! 
Um discurso surpreendente

Cristo interrompe aquele momento fraterno, olhou para cada um deles e começou a falar palavras profundas, mas que aqueles homens não conseguiam compreender. Os discípulos estavam saboreando da mesa farta, comendo tranquilos, mas de repente, Jesus tomou o pão, o partiu e disse de forma serena e segura: “Tomai, comei, isto é o meu corpo”  e tomando o cálice deu graças, deu-lhes dizendo: “Bebei dele todos, porque isto é o meu sangue da nova aliança, que é derramado por vós.”
Jesus declara que Seu sangue iria iniciar uma nova aliança, seu sacrifício tinha um papel eterno: Seria derramado em favor de toda a humanidade. Ele morre para que não morramos, Ele sofre para que não soframos. Ele derrama o Seu próprio sangue para nos justificar.  Jesus declara que Sua vida e Seu sangue seria dado em favor de todos que o confessem diante do Pai (“Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” Romanos 10.13).
O corpo retratando o acesso à natureza de Deus
Jesus estava em Seu discurso demonstrando um significado incomum ao Seu corpo: “E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim.” (Lc 22.19). Jesus o cordeiro de Deus estava sendo oferecido em favor de muitos, através de Seu ato Jesus traz ao homem o acesso de se tornar filho de Deus e cumprir o propósito eterno de Deus em ter uma família de muitos filhos semelhantes a Jesus. Porem, com o decorrer do tempo ficamos insensíveis diante das palavras ditas por Jesus. Não percebemos o impacto delas. Já não temos mais alegria em compartilhar a ceia. A ceia não é mais uma celebração alegre por todos os atos que Cristo nos fez.
Por varias vezes Jesus anunciou que este momento era necessário, que Seu sangue fosse derramado e seu corpo crucificado, essa era Sua missão, por seu sacrifício o homem seria justificado diante de Deus. Sua morte seria um estandarte eterno. A ceia celebra nossa unidade com Jesus, é a comunhão entre o cabeça e seus membros.  A Ceia deve nos lembrar sempre que somos membros de um só Corpo, pois comemos do mesmo Pão, que é Jesus, o pão da vida. “Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão” (1 Co 10.16-17).
Viver em verdadeira unidade é participar de um cálice comum. Com muita facilidade nos voltamos para o que é secundário, nos afastando do que é elementar e indispensável. Isso está muito presente em nos dias de hoje. Com facilidade trocamos a essência das coisas pela aparência, o conteúdo pela forma. Nos ocupamos de temas pequenos e irrelevantes para desviar nossa atenção daquilo que deveria ser o nosso foco: “ser semelhante a Jesus.” Ao nos ocupar com assuntos menores, nos mantemos distraídos e produzimos em nós o auto-engano de que estamos sendo zelosos com a Verdade. Apesar de toda a tentação contrária, precisamos manter em foco o alvo que Deus tem para nós. Sempre vale a pena pagar o preço de viver a essência do Evangelho. Por isso, não deixemos de forma alguma que as nossas complicações ofusquem a beleza da simplicidade do Reino de Deus.
Em Cristo,

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Uma vida simples...



É irônico pensar como as pessoas hoje estão famintas por uma vida simples, pois o mundo tem se tornado muito complexo. A muita informação disponível, a tecnologia cresce muito rápido. A habilidade de interagir com o mundo todo é possível e muito fácil, basta um click em seu mouse, ou na tela de seu telefone, tablet...  As coisas estão acontecendo em uma velocidade incrível. Porém, o resultado é um mundo complicado, vidas ocupadas e no meio de toda esta babel de informações e tecnologia as pessoas buscam ansiosamente por simplicidade! Elas anseiam por isso, procuram, pagam e até sonham com dias de paz e descanso. E o único meio de encontrar a simplicidade é buscá-la em Jesus, só Ele pode nos dar descanso nestes dias tão atribulados que vivemos. 
Pense nisso!


domingo, 7 de outubro de 2012

Compromisso e Relacionamento



Os textos de Mateus 5.13-16 e 1 Pedro 2.4-9, falam de nosso compromisso como cristãos no mundo. Não podemos, entretanto, separar este compromisso do relacionamento com Deus e uns com os outros. Atentemos para a pluralidade de nossa comissão nas palavras de Jesus e de Pedro: “Vós, sois o sal da terra” (Mt 5.13); “Também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio Santo, a fim de oferecerdes  espirituais agradáveis à Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1 Pe 2.5). “Vós sois, raça eleita, sacerdócio real, nação santa... A fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou, para a sua maravilhosa luz (1Pe 2.9).
1. Natureza do Compromisso
    O dicionário Aurélio traz as seguintes definições que interessam a essa mensagem, para a palavra compromisso: Acordo, convenção, ajuste, promessa de trato à ser cumprido, escrita vincular, obrigação de caráter social, pacto, etc.. Todas estas definições, inferem relacionamento não unilateral. O compromisso difere do legalismo. Este último ignora o propósito, o pacto, as condições, enfim, a razão de ser do compromisso. Em essência, o legalismo afirma obrigação em si, enquanto que o compromisso enfatiza a relação que promove os objetivos comuns à serem alcançados. Tomando por exemplo o casamento (1Pe 3.7 e Ef 5.31-32). Não é só romantismo ou obrigação. Antes, é um compromisso cujo objetivo é revelar o mistério Cristo e a igreja. Por esta razão, o homem deve viver a vida comum do lar com discernimento (conhecimento progressivo e revelado do propósito de Deus para o casamento), tratando a esposa com dignidade que lhe é devida, pois ambos foram abençoados (comprometidos) por Deus para mesma graça de vida (comparar 1Pe 3.7 com Gn 1.27-28). É dentro portanto, do compromisso de revelar o mistério Cristo que são estabelecidos os relacionamentos (Ef 5.21-30).  
2. Compromisso de Deus
    O propósito de Deus ao abençoar o primeiro casal, incluía toda a sua descendência (Gn 1.26-28). A queda (Gn 3), não mudou o compromisso de Deus. Em Gn 12.1-3, Deus chama Abraão e com ele restabelece seu pacto de abençoar todas as famílias da terra. Deus teria um relacionamento pactual com Abraão (Gn 17.1-5). Na semente de Abraão, que é Cristo, Deus encarnou Seu compromisso, conforme lemos em 1Co 1.4. Desta forma, Deus descansou em Seu filho, a quem confiou todo o julgamento (Cf. Jo 5.22). No relato de Genesis, Deus descansou de suas obras (literalmente cessou) ao criar o homem e a mulher, confiando-lhes seu compromisso de sujeitar toda a Sua criação e abençoar todas as famílias da terra (Gn 1.26-28, 31 e 2.1-3). No NT Jesus é o sabathah (descanso) de Deus (Hb 4.1). Nele  encontramos também nosso descanso e somos abençoados com o compromisso de abençoar todas as nações da terra (Hb 3.14 e Mt 28.18-20). A criação do homem e da mulher conforme relato de Gênesis, é semente que Paulo revela como grande mistério, isto é a igreja (Ef 5.31-32). A igreja é a comunidade restaurada que tem Jesus como cabeça e através de seus relacionamentos, mutualidade e proclamação, anuncia a vitoria de Jesus Cristo sobre todos os principados, potestades e poderes deste mundo. 
3. Compromisso do Homem
Em Gn 1, Deus compromete Adão e Eva que vieram a falhar. Em Gn 12 Deus compromete Abrão e Sarai. Em Gn 17, a mudança de nomes para Abraão e Sara, se relaciona com o pacto divino de abençoar todas as nações da terra (Gn 17.1-8 e 17.15-16). É nesse objetivo que Paulo foi constituído ministro conforme a graça de Deus (Ef 2.11-22 e 3.6-7). A dádiva do Espírito Santo, mal compreendida e assimilada é a garantia, a parte divina do pacto, o penhor, a benção de Abraão, o compromisso de Deus chegou até nós (Gl 3.14 e 2Co 1.21-22). O compromisso portanto, encarna o propósito do relacionamento, isto é, ser uma benção para todas as famílias da terra. Para ser uma benção, Abraão teria que andar com Deus, ser obediente em tudo. A circuncisão seria o sinal exterior do compromisso entre Deus e Abraão. É precisamente isto que está inserido no batismo cristão: “Um compromisso solene, um pacto de seguir ao Senhor, isto é, um relacionamento de submissão e obediência” (1Pe 3.21). Somente desta maneira torna-se possível fazer discípulos de todas as nações (Mt 28.18-20).
Concluindo, a igreja tem hoje o compromisso, um pacto com Deus de ser uma benção para todas as famílias da terra. As portas do inferno não poderão prevalecer contra ela (Mt 16.19). Deus confiou esta promessa mediante juramento (Gn 22.15-17 e Hb 6.17-18). Cristo, o pacto encarnado de Deus, vitorioso foi dado a igreja (Ef 1.20-23). Está, portanto diante de nós o desafio: “Vos sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo.”            
Portanto, abençoemos as nações!

sábado, 25 de agosto de 2012

O perigo na janela!


No livro de Atos vemos um milagre na vida de um jovem que me intriga. O texto está no capitulo 20.7-12. O apostolo Paulo acabara de chegar a Trôade e era um domingo. Os crentes se reuniram no cenáculo, uma sala num andar de cima da casa, para ouvi-lo, antes de sua partida para Jerusalém. Naquela noite Paulo os exortou e prolongou sua mensagem até a meia noite. Certo jovem, de nome Êutico, estava sentado na janela e tendo adormecido profundamente, caiu do terceiro andar e veio a falecer. Paulo, ao saber, imediatamente desceu a seu encontro e inclinando-se sobre o jovem morto, trouxe-lhe de volta a vida. Então subiu de novo ao cenáculo, celebrou a ceia do Senhor e continuou sua mensagem até o romper do dia. Amados, este episódio tem me ensinado algumas lições, e gostaria de compartilhar com vocês alguns pontos:
A janela é um lugar que oferece muitas distrações.
      A janela é um lugar onde as pessoas que estão dentro olham para fora e quem está fora dá uma espiadinha para dentro. Ficar na janela é estar dentro, mas observando o que se passa lá fora. Ficar na janela é ter a atenção dividida e o coração distraído por muitas coisas.  Êutico era um jovem cristão. Ele não abriu mão de estar reunido com os irmãos. Queria ouvir Paulo, mas, se sentou na janela. A janela parecia um lugar arejado e colorido que lhe oferecia muitas distrações, mas não era um lugar seguro. A janela foi o palco de sua queda. O principio de sua morte!
A janela é um lugar que divide o coração
      Êutico estava no cenáculo, mas seus olhos também se voltaram para o mundo. Em seu entendimento tinha escolhido um lugar privilegiado para se sentar, pois dali onde estava podia ver e ouvir Paulo. Mas sua escolha trazia também um perigo, pois ficava o tempo todo olhando pela janela. A janela roubava-lhe a atenção, distraia-lhe o coração e esfriava seu apetite pelas coisas de Deus. Por isso, sem perceber, foi perdendo o interesse pela palavra e não conseguia participar da unção que permeava naquele ambiente, a ponto de o sono o derrubar da janela. Êutico caiu da janela porque não estava totalmente focado no que acontecia na reunião. Enquanto os outros se deleitavam na ministração da palavra, Êutico foi vencido pela distração e caiu.
A janela é um lugar de quedas perigosas
      Quem cai de uma janela, cai para fora, não para dentro. Êutico caiu do terceiro andar e morreu. Sua queda foi uma tragédia. Se não fosse o milagre operado por Paulo, os dias de Êutico teria se encerrado precocemente. Literalmente a janela não é um bom lugar para ficarmos, pois ela nos afasta do ambiente de devoção. A Bíblia relata outras tristes passagens, sobre ficar na janela. O livro de 2 Samuel narra um triste acontecimento, envolvendo Davi e Mical. Mical critica Davi da forma como ele adorava ao Senhor. E este desagradável fato nos adverte para termos o cuidado para não cultivarmos um Espírito critico. Mical estando na janela desprezou seu marido (2 Samuel 6.16). Algo que me deixa pensativo neste ocorrido entre Davi e Mical é que ela escolheu ficar de fora do ambiente de adoração e no momento em que Davi distribui benção entre o povo ela não estava ao seu lado. Depois deste fato Mical nunca mais teve filhos (2 Samuel 6.23). Davi também viu uma janela aberta e uma mulher se banhando. Aquela janela aberta colocou Davi em uma terrível prisão de adultério e assassinato (2 Samuel 11). 
      As janelas hoje são mais coloridas e atraentes. As janelas hoje são mais numerosas e espaçosas. Encontramos hoje janelas por todos os lados. O mundo virtual escancara suas janelas sedutoras diante de olhares divididos na vida de muitos cristãos. Precisamos fazer uma escolha, não podemos ficar com o coração dividido. O discípulo de Cristo não pode ter um pé na igreja e outro no mundo. Não podemos ser amigos do mundo e ao mesmo tempo amigos de Deus (1 João 2.15 -  Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele;). 
      Concluindo, a janela é um lugar para ser abandonado. Quando Êutico caiu da janela, Paulo não gastou o resto da noite acusando os pais do moço nem responsabilizando a congregação pela tragédia. Ele desceu, trouxe a vida ao jovem e continuou a mensagem. Algo importante aqui é entendermos nossa posição em Cristo e não criarmos janelas que nos distraiam em nossa caminhada cristã. Ficar na janela é correr riscos, é distrair o coração com as coisas do mundo. 
      Sendo assim vale o lembrete: Sai da janela!!!!

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Aliança na vida do cristão


Mensagem ministrada por Jamê Nobre em nossa reunião de liderança na fonte Sta. Tereza - Valinhos - SP
“EIS Aí VEM DIAS, DIZ O SENHOR, E FIRMAREI NOVA ALIANÇA COM A CASA DE JUDÁ” Jr 31.31
“ESTE É O CÁLICE DA NOVA ALIANÇA NO MEU SANGUE DERRAMADO EM FAVOR DE VÓS” Lc 22.20 (Mt 26:26)
A Aliança é algo que se caracteriza como fundamental na vida do cristão. Essa palavra tem muitos sinônimos: concerto, ­coalizão, convênio, combinação, matrimônio, etc. O centro da Bíblia é o concerto, ou aliança, que Deus fez com o homem, por meio de Cristo. O próprio centro da História é a Nova Aliança, pois o calendário atual é concentrado na vinda de Jesus.
Quando Deus formou Adão tinha em seu coração o desejo de profunda comunhão. Algo que pode descrever o tipo de relaciona­mento que o Senhor deseja ter com o homem é o casamento, citado muitas vezes pelo próprio Senhor, e essa figura nos mostra, ainda que de forma imperfeita, como Deus quer nos tratar (O homem tornou imperfeito o casamento assim como todas as coisas que ele tocou depois do pecado).
Algumas verdades sobre a Aliança:
a)     A Nova Aliança foi mostrada por Deus quando matou um animal para cobrir a nudez de Adão. Foi mostrada também quando fez aparecer o Arco‑Íris.
b)    As alianças do Velho Testamento são aspectos da Nova Aliança. Era o que o homem podia ver e apontavam para a Aliança falada em Lucas 22.20.
c)     Quando o Senhor estabelece aliança com Abraão, está na verdade, fazendo aliança com toda a humanidade, a quem ele tanto ama. A Aliança com Abraão foi a maior das alianças do Velho Testamento.
No capítulo 44 de Jeremias podemos ler a história resumida não só do Livro do profeta, mas como a história do povo judeu e a causa do seu desterro e a restauração posterior. Ali vemos que o Senhor levou o povo para o cativeiro por causa da quebra da Aliança com Ele. Os judeus haviam deixado de queimar incenso ao Deus eterno para fazer a Astarote, que não era uma simples deusa, mas uma entidade plural que representava todos os aspectos da vida dos povos pagãos. Isto é, havia deuses que controlavam cada parte da vida de uma pessoa ou nação, por­tanto, Astarote pode ser tomada como a Grande Meretriz do livro do Apocalipse, que é um grande sistema (KOSMOS) de vida. A própria natureza de Deus é uma mostra da importância da Aliança: Ele é Jeová, o Deus guardador das alianças que se levanta contra aqueles que quebram a aliança feita com a mulher da sua mocidade (Ml 2.14).
Quando se deixa de viver para o Senhor e se passa a viver para si mesmo, isto é queimar incenso a Astarote. O incenso é o perfume da fumaça do sacrifício. A Aliança de Deus para com o homem é totalmente centralizada no sacrifício; quando alguém se dispõe a fazer aliança, a estabelecer um pacto, deve saber que isso vai implicar em sacrifício: vou sacrificar todas as coisas para que aquela aliança se mantenha de pé.
As mulheres disseram a Jeremias que enquanto elas sacrificavam incenso a Astarote, em aliança, eram prósperas, elas e suas famílias, não tendo falta de pão e não viam mal algum no que faziam; no entanto, quando deixaram de sacrificar a Astarote começaram a ter fome. Quem quer fazer Aliança com Jesus deve reservar seu incenso, seu perfume, o melhor de sua vida, somente para o Senhor. Isto é o que Jesus chamou sacrificar‑se a si mesmo, tomando a cruz, negando‑se no dia-a-dia. Não se pode fazer Aliança com Astarote e Jeová ao mesmo tempo.
Notemos alguns aspectos da Aliança mostrados em Jeremias 31, e os termos propostos pelo Senhor:
Capitulo 31.32 a 34
1.     Inscreverei a lei na mente
2.     “as leis no coração”
3.     Perdoarei não me lembrarei dos seus pecados.
4.     Dar-lhes-ei um só coração e caminho.
Capitulo 32.39-40
1.     Planta-los-ei e não serão mais desarraigados.
Comparar essas citações com At 2.42-47; 4.32 e Lc 22.20. Tomando por base esses textos poderíamos dizer que o Senhor cumpriu a Aliança?
Algumas alianças no Velho Testamento:
Texto
Celebrantes
Resultado
Gn 9:9
Deus e Noé
Proteção a Noé
Gn 21.22-34
Abraão e Abimeleque
Particu­laridade desta aliança: Abraão toma o testemunho de Deus, El Olam (o DEUS ETERNO).
Proteção mútua
1 Sm 18.3
Davi e Jônatas
Proteção mútua naquele momento e no futuro. (2 SM 9.6,7)
2 Sm 7.8‑17
O  Senhor e Davi
Proteção e pros­peridade no momento e no futuro
Ne 9.38
Deus e o povo
Ser guardado e protegido por andar na lei
Jr 34.8,9
Zedequias e o povo
Libertação dos escravos

Duas características fortes da Aliança:
1.     Proteção
2.     Fidelidade e lealdade
Deus sempre quis fazer aliança com o homem para que o pudesse protege‑r e ampara‑r e a única condição é que o homem andasse nos Seus caminhos. Para que o Senhor possa abençoar ao homem é necessário que esse esteja no Seu Caminho. Ali é o lugar da bênção de Deus.
Devemos lembrar que o objetivo da aliança é o nosso bem; Deus sempre quis o nosso bem, a nossa alegria; e para que isso possa acontecer Ele supriu uma nova aliança em Jesus Cristo, que nunca está quebrada. Nesta aliança nós temos vida eterna, temos saúde, temos paz, e nisto o Senhor é glorificado, pois Ele quer ver seus filhos bem.
A aliança com Deus produz na Igreja amparo entre seus membros, segurança, tranqüilidade e amizade. As pessoas que vierem para a Igreja já não serão estrangeiras, nem se sentirão assim, mas se sentirão na casa do Pai. Os irmãos estarão cheios de amor e isso cativará os perdi­dos.
Deixaremos os títulos e as formalidades e teremos intimidade com os nossos irmãos. Teremos e seremos amigos. Amigos que serão o nosso refúgio nesse mundo como Jônatas era um abrigo para Davi.
Um dos primeiros resultados da aliança é a amizade, e o andar longe de Deus produz a falta de afeição natural, conforme Paulo nos fala em Rm 1.31, mostrando ali que os homens, desprezando o conhecimento de Deus perderam o sentido de amizade, o que nos leva a crer que uma pessoa voltada para o Senhor é alguém que tem amizade e afeição pelos outros. A Igreja é o lugar onde devem acontecer as amizades mais profundas, por isso vamos ver alguns princípios de Deus na amizade.
Mateus 5.24 “... se lembrar que o teu irmão tem algo contra ti.... deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te (VOLTA EM AMIZADE)  com teu irmão; e, então, voltando, faz tua oferta.
Lições desse texto:
·         Reconciliação antes do culto formal.
·         Misericórdia antes do rito.
·         Moralidade antes da religiosidade.
·         Afeição filial antes do perdão divino.
·         Corretas relações humanas antes de corretas relações com Deus.
·         Honestidade e bondade para com os homens antes de receber a bondade de Deus.
A palavra usada para o amor de pai para com o filho é φιλότεκνος / PHILOTEKNOS = amizade com o filho. Outra palavra interessante, nesse contexto é κοινωνία / KOINŌNIA = ter tudo em comum. Isto faz parte da amizade.
I ‑ QUAL É O PROPÓSITO DE DEUS NA AMIZADE
·         Aperfeiçoar: Pv  27.17 ‑ O ferro afia o ferro e o homem ao seu amigo.
·         Ajudar ao próximo: Ec 4.9-10 Melhor é serem dois (mais frutos) Dn 2.17-18 ‑ Intercessão unida.
·         Zelo, cuidado: Lc 11.5‑8 ‑ O meu amigo chegou.
·         Proteção: 1 Sm 18.1; 20.17; At 19.31.
II ‑ O QUE ACONTECE NO RELACIONAMENTO ENTRE AMIGOS?
·         Apego, afeição: Rt 1.16 ‑ Onde fores
·         Participação: Jo 11.6 ‑ Vamos morrer com ele
·         Associação na necessidade: Fl 4.10-14
·         Altruísmo: Jo 15.13-15 ‑ Dá a vida por seus amigos
·         Franqueza, intimidade: Ex 33.11; Nm 12.8 ‑ Boca a boca
·         Confiança: Tg 2.23; Gn 15.6; 2 Cr 20.7; Is 41.8 ‑ Amigo de Deus.
III ‑ O QUE RECEBO E DOU NA AMIZADE?
·         Participação nos sentimentos: Jo 3.29 ‑ O amigo do noivo se alegra.
·         Compartilhar dos bens: Lc 15.6‑9; At 10.24; Rm 1.10-11.
·         Identificação, unidade: Pv 17.17; 2 Tm 1.16; Rm 16.4.
·         Sustento: Ex 17.12; Cl 4.10-11.
·         Ânimo: 1 Sm 14.6-7; Ed 10.4-5; Ne 4.16-17; Mt 18.19.
IV ‑ POSSO TER AMIZADE INDISTINTAMENTE?
·         Escolha: Pv 18.24 ‑ Muitos amigos prejudicam.
·         Sl 119.63 ‑ Sou companheiro dos que te temem.
·         Sl 16.3 ‑ Tenho todo o meu prazer nos santos (Rm 15.30-33).
V - QUAL DEVE SER A BASE DA AMIZADE?
·         Acordos e alianças corretos: Am 3.3 - Andarão dois juntos se não houver entre eles acordo? Fl 1.27, 4.2; 1 Co 1.10; 2 Co 13.11; 1 Pe 3.8;
·         Andar na luz: 1 Jo 1.7
·         Predisposição para ajudar: Rm 12.15 - Chorar com os que choram
·         Perceber e viver no poder reconciliador da cruz: Ef 2.14.17.
·         Predisposição para perdoar: Mc 11.25; Lc 11.4; Ef 4.32.
Viver uma vida de amizade e afeição traz benefícios ao indivíduo que assim vive, e testemunho para os de fora e, acima de tudo ALEGRA O CORAÇÃO DE DEUS.