“Vivei, acima de tudo, por modo digno
do evangelho de Cristo, para que, ou indo ver-vos ou estando ausente, ouça, no
tocante a vós outros, que estais firmes em um só espírito, como uma só alma,
lutando juntos pela fé evangélica.” (Filipenses 1.27).
Em o Novo Testamento,
a vida comunitária traduz um aspecto sobremodo importante pra o andar cristão.
Não há cristianismo onde o individualismo prevalece. Talvez por causa do
capitalismo temos a ênfase da experiência pessoal mais enfatizada do que a
experiência comunitária. O socialismo não é a resposta por causa de seu
imanentismo e chave hermenêutica da luta de classes que promove mais o
antagonismo social do que a verdadeira comunhão.
1.
Vivendo a cidadania do Reino
“Vivei” o verbo utilizado por Paulo aqui no
original é: πολιτευεσθε / politeuesthe, que não tem o sentido geral de περιπατεω /peripateō
“andar”,
assim um sentido politico “vivei como
cidadãos” tratando-se de cristãos significa viver como cidadãos do Reino
traduzindo assim o sentido pratico de vida comunitária. Assim podemos entender
o reino de Deus como uma nova ordem politica, econômica e social, não
simplesmente um sistema de doutrinas e credos isolados do contexto da vida.
2.
Uma vida que transforma
Podemos compreender neste texto porque o Novo Testamento que
visa a formação espiritual nunca se dirige a pessoas isoladas, mas sempre a
comunidade, aos irmãos e sua vida conjunta. A conduta adequada que corresponde
a espiritualidade do reino e a santificação, ocorrem no contexto da vida
fraterna que o Novo Testamento preconiza. Esta é a vida que se transforma e
produz transformação verdadeira e se torna um testemunho para a sociedade.
3.
Nossa verdadeira luta
Como cristãos não estamos inseridos em contextos ideológicos
humanistas, não obstante, não somos reféns de uma espiritualidade legalista
(Conferir Cl 2.23), nem apegados a concepções fundamentalistas que distorcem a
verdade. Preceitos humanos provenientes de literalismos doentios jamais
captarão a plenitude da vida ativa em constante mutação. Também não podemos ser
prisioneiros de aspectos exteriores onde o coração e a interioridade profunda
da fé não se façam presente, talvez por isso, a exortação de Paulo: “...de modo digno do evangelho de Cristo.
Vivei a vossa vida comunitária.” Onde os conceitos de unidade, diversidade,
individualidade e coletividade se complementam numa dinâmica produzida pelo
Espírito Santo: “Estai firmes, em um só
espirito com uma só alma lutando juntos pela fé evangélica.”
Concluindo,
portanto, este aspecto de vida comunitária é muito significativo porque é na
comunidade que o evangelho de Cristo é percebido em sua maneira digna de
vivencia-lo, com transparência e fidelidade a Jesus Cristo, o Senhor. Nesses
dias é de vital importância que recuperemos essa dimensão de vida do Novo Testamento
porque somente assim Cristo será glorificado em Seus santos.