"Cristãos na teoria nem sempre são
discípulos na prática"



terça-feira, 10 de junho de 2014

A Misericórdia triunfa sobre o Juízo!


Ao ler o capítulo 6 do evangelho de Lucas, vemos Jesus ensinando e curando, demonstrando através de seus atos e ações a cultura do Reino de Deus, mas ao ler os versículos 27 a 36, algo me chamou a atenção, Jesus faz um pedido: “Digo-vos, porém, a vós outros que me ouvis...”
Pense um pouco, quem estava ouvindo a Jesus? Eram agricultores, pescadores, coletores de impostos, zelotes, prostitutas. Um grupo de pessoas simples, desqualificadas aos olhos de uma cultura impiedosa e de autoridades religiosas que os oprimiam e ainda estavam debaixo do jugo da servidão de Roma. Porém Jesus tinha algo a dizer a essas pessoas, tinha uma mensagem de esperança para eles. Mas eles não imaginavam o conteúdo da mensagem. Jesus estava ensinando a eles sobre a misericórdia.
Eles eram pessoas que tinham suas razões e motivações para terem inimigos de verdade. Agora considere as ordens que Jesus lhes dá: “Amem seus inimigos, façam o bem a quem os odeia, não revidem o mal, deem de bom grado a quem te pedir...” Pense bem no que Cristo estava dizendo: Ele resume tudo na ordem final: sede misericordiosos!
Amados, meditando sobre este tema fiquei surpreso de como Jesus tratava com os fariseus quando estes vinham questiona-lo acerca de pessoas para julga-las. Ele diz vão e aprendam o que diz: Misericórdia quero e não sacrifícios (Jesus se refere ao texto de Oséias 6.6):
- 1º ele diz: “Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores [ao arrependimento]. ” (Mateus 9.13)
- 2º ele outra vez diz: “Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos, não teríeis condenado inocentes. ” (Mateus 12.7).    
Se refletirmos sobre o contexto onde Jesus cita estas duas exortações (Mateus 9.10-13, Jesus estava ministrando o reino a pecadores, quando é questionado pelos fariseus e Mateus 12.1-7, Jesus questiona o julgo que a religiosidade coloca sobre as pessoas), podemos concluir que precisamos aprender acerca da misericórdia. Misericórdia é uma palavra excepcional, pois ela descreve a bondade, paciência e perdão de Deus por nós. A Bíblia nos ensina que a misericórdia une o rigoroso dever da justiça à ternura do relacionamento pessoal. A misericórdia explica como um Deus Santo e amoroso pode se relacionar com um pecador sem comprometer o que Ele é. Isso é misericórdia. Essa é a realidade da cruz que todo discípulo precisa experimentar, pois é o exemplo que precisa ser seguido.
Queria perguntar algo a você: Você conhece a Deus como um Deus de misericórdia? Outra pergunta: Você tem olhado as pessoas com olhar de misericórdia? Sem misericórdia as diferenças se tornam irreconciliáveis. E deixa eu te dizer algo aqui: Não é a existência de diferenças e sim a ausência de misericórdia, que torna situações e circunstancias irreconciliáveis. Sendo assim, gostaria de compartilhar alguns pontos importantes que o texto de Lucas 6.27-36, nos ensina acerca de exercer misericórdia:
1.   Misericórdia em tempo real
Neste texto de Lucas 6 Jesus nos ensina acerca da misericórdia, pois a misericórdia não muda a necessidade de falarmos a verdade. Pelo contrário, ela transforma a nossa motivação, passamos a representar Cristo em nossos atos e ações. A misericórdia nos inspira a deixar para trás o poder e o domínio do amor-próprio, da autocomiseração para atingirmos os princípios mais nobres e reais da graça de Cristo que habita em nós.
Precisamos entender que não somos apenas pecadores, mas somos também muitas vezes o objeto do pecado de outras pessoas. Pessoas se tornam inimigas, começamos a achar que tem pessoas que não gostam de nós, pois elas abusam de nossa paciência, roubam a paz, fazem exigências desmedidas. Não levam em conta nossos sentimentos e emoções. Por isso este texto de Lucas 6 é tão real, pois tudo o que Cristo está citando acontece hoje em nossas vidas e a chave para sermos vitoriosos é a misericórdia.
Quando você consegue entender a misericórdia aos odiosos, violentos, egoístas e perversos, você vai estende-la para os que te aborrecem, ignoram e te decepcionam. 
2.    Misericórdia antes do erro
O texto de Lucas 6 não é um chamado a atos de misericórdia discretos e isolados, mas uma disposição misericordiosa de coração. É um chamado a bondade. Quando nosso coração está repleto de bondade, a bondade antecipa-se aos nossos julgamentos pecaminosos (acredite, Deus nos capacita para isso - vs. 36). Essa bondade que Jesus nos ensina neste texto reivindica algo de nossa parte: Somos chamados a prosseguir na bondade que temos recebido (Rm 11.22 diz: “Considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas, para contigo, a bondade de Deus, se nela permaneceres; doutra sorte, também tu serás cortado.”
Nós não podemos esperar que as pessoas pequem contra nós, para então, reagirmos com misericórdia. Em vez disso, adotamos a postura de estarmos dispostos a perdoar. Não podemos nunca esquecer que a bondade não tem sua origem em nós, e sim em Deus. Ela não é uma característica de nossa personalidade, mas é um fruto do Espírito (Gl 5.22 e Paulo diz aos colossenses: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. ” Colossenses 3.12.
Concluindo a pratica fiel da bondade semeia em nós experiências da graça de Deus: “Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai.” (vs. 36). Quando exemplos de bondade são cultivados em nossa rotina normal da vida é que vemos o ensino de Jesus se tornando real, ai entendemos o que Jesus quis dizer em damos a face ao inimigo, ou então, andamos a segunda milha, são momentos de graça e bondade que produzimos em tempos reais de nossa vida. Use o modo como você quer, ou deseja ser tratado como medida para a maneira como você trata os outros. Então, essa regra áurea é compreendida como meio de se evitar fazer inimigos.
Esta é a maneira que Jesus quer que respondamos, em nossas reações quando somos atacados, caluniados, ofendidos, sendo misericordiosos. Só é possível exercer misericórdia quando compartilhamos a misericórdia que recebemos de Deus.
Amados, gostaria que você guardasse em seu coração o sábio conselho de Tiago: “Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus.”  (Tiago 1.19-20).
No amor de Cristo,

chico.