"Cristãos na teoria nem sempre são
discípulos na prática"



quarta-feira, 24 de julho de 2013

Liberando as pessoas para Deus


“Agora, pois, temei ao SENHOR e servi-o com integridade e com fidelidade; deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais dalém do Eufrates e no Egito e servi ao SENHOR. Porém, se vos parece mal servir ao SENHOR, escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao SENHOR.” (Js 24.14-15).
Deus nos criou com livre arbítrio para escolher o caminho que queremos andar. Precisamos aprender o segredo de liberar as pessoas para fazerem escolha. Se tiverem um espírito reto, Deus as guiará sejam quais forem às circunstâncias e mesmo através delas. Liberar significa deixar fluir, desatar, soltar, dispensar, dar livre curso à alguma coisa. Não existe coerção, isto é: Força persuasiva natural. Na exortação de Paulo em Rm 12.1-2, os irmãos deviam compreender as misericórdias de Deus e por isso, apresentar voluntariamente seus corpos para adoração e serviço. Seguem algumas áreas que se fazem necessárias a liberação:  
I– LIBERANDO AS PESSOAS NO EXERCÍCIO DA AUTORIDADE
Isto pode acontecer na forma positiva quando lidamos com as forças espirituais que escravizam o homem (Cf. At 26.17-18 e Lc 4.18), como também na forma negativa, para deixar as pessoas sob a disciplina de Deus (Cf. 1ª Co 5.1-5). É este segundo aspecto que queremos enfatizar tomando, por exemplo, a experiência de Samuel, que se encontra registrada em 1ª Sm 8.1-8. Samuel era a voz profética de Deus para a nação de Israel (Cf. 1ª Sm 3.19- 21) e, através da palavra profética Deus queria reinar sobre o seu povo. Por isso, não agradou a Samuel o desejo daquele povo de ter um rei conforme as nações (Cf. 1ª Sm 8.5). Não obstante, Deus ordenou a Samuel que atendesse ao povo, que ao rejeitá-lo estavam rejeitando o próprio Deus (Cf. 1ª Sm 8.7). A causa era ser aquele povo cativo pela idolatria de seus pais. Neste caso podemos perceber que a autoridade de Deus em amor tinha por objetivo libertar aquele povo de um principio de idolatria recebida por herança que os incapacitava a ouvir a voz de Deus através de Samuel (1ª Sm 8.8). Precisavam de aprendizado pela experiência negativa de sua escolha.  Samuel obedeceu a Deus e liberou o povo. Não foi uma atitude de condenação, mas de amor que confia no processo restaurador de Deus (Cf. 1ª Sm 12.20-25). Através de Saul, que o Senhor apresentava como homem que haveria de “dominar”, no hebraico “açar” que significa “prevalecer”, “oprimir”, Deus estaria dando ao povo a oportunidade de experimentar sua própria escolha (Cf. 1ª Sm 9.17). Mais tarde, Ele escolheu Davi, um homem segundo o Seu coração, que haveria de entronizá-lo como Rei de Israel. 
II– LIBERANDO AS PESSOAS NO EXERCÍCIO DA INTERCESSÃO
Também neste caso podemos fazê-lo positivamente. (Cf. Is 59.16 e Ez 22.30); como negativamente, até contra a vontade revelada por Deus (Cf. 1ª Jo 5.16). Liberar neste caso, é dar livre curso a ação quer libertadora, quer punitiva de Deus.
A motivação interior correta se faz necessária neste caso. Quando Deus intentou destruir Israel, Moisés intercedeu pelo povo (Cf. Ex 32.10-11). Sua atitude, porém revelou a motivação do seu coração:
· Estava preocupado com o nome de Deus (Ex 32.12);
· Tinha um coração de aliança (Ex 32.13) e, 
· Amava realmente o povo de Israel (Ex 32.31-32).
    A motivação incorreta nesta área é extremamente perigosa. Não podemos utilizar a intercessão para fazer pressão sobre o livre arbítrio das pessoas. Forças espirituais trabalham e operam nesta área e pessoas que vão assim para igreja são difíceis de serem tratadas depois. Não foram motivadas por um espírito que tome o nome, a aliança e o amor de Deus (Sl 1.4-5; Pv 18.1-2; Pv 15.10; Rm 16.17-18; 1ª Co 5.11; Tt 3.10; 1ª Jo 1.19), mostra esse tipo de pessoa. Jesus deixou claro que segui-Lo é uma decisão do coração rendido ao Seu senhorio (Cf. Mt 16.24). 
    III—LIBERANDO AS PESSOAS NO EXERCÍCIO DA DISCIPLINA
   Neste caso, podemos impedir a disciplina de Deus através de manter ou agir com espírito de vingança. Pv 1.10, diz que Deus disciplina rigorosamente os que deixam o caminho. Devemos permiti-Lo que o faça, pois a Sua intenção é restauradora.
     1. Exemplos na Bíblia:
· Davi preferiu ficar nas mãos de Deus depois de pecar contra o Senhor levantando um censo em Israel (Cf. 1ª Cr 21.1,7-13);
· No caso de Incesto na Igreja de Corinto, o transgressor foi entregue a Satanás para ser depois restaurado (Cf. 1ª Co 5.1-5 e 2ª Co 2.5-11).
· Jó foi entregue por Deus nas mãos de Satanás e sua experiência e vitória levou a um novo nível de relacionamento com Deus (Jó 1.12; 2.6; 42.1-6).
      2. Não guardando a ira
     No texto de Rm 12.19, Deus nos ordena a “dar lugar à ira”. Isto significa deixar Deus disciplinar, não exercer vingança ou ter espírito de condenação. Quando vingamos, não liberamos as pessoas para o juízo de Deus (Cf. 1ª Pe 5.23). Às vezes precisamos deixar uma pessoa sofrer, para deixar livre a operação da lei de sementeira e colheita (Cf. Gl 6.7-8). 
     IV- LIBERANDO AS PESSOAS NO EXERCÍCIO DO PERDÃO
   Como cristãos temos um chamado de promover a reconciliação. Ter um espírito perdoador é uma característica fundamental ao mensageiro da nova aliança (Cf. 2ª Co 5.18-20). No texto de Mateus 9, Jesus cura um paralítico perdoando-lhe os pecados (Mt 9.6). As multidões se maravilharam e Jesus diz que esta autoridade foi concedida aos homens (Mt 9.8). Em João 20.22-23, que fala da grande comissão do ponto de vista joanino, diz que os discípulos tinham autoridade para perdoar e reter os pecados. Ao perdoar, liberamos as pessoas, ao reter o perdão, condenamos as pessoas.  Isto pode ocorrer indevidamente, quando ministramos perdão sem arrependimento do ofensor, ou não perdoamos as pessoas no íntimo. Forças espirituais atuam nesta área e bloqueiam a expressão do perdão e amor divinos (Cf. 2ª Co 2.5-11).
   Ainda na relação entre irmãos Efésios 4.32, diz que devemos perdoar-nos uns aos outros, assim também como Deus em Cristo nos perdoou. Sabemos que através do perdão fomos libertos das garras de satanás e reconciliados com Deus. No texto de Isaías 58.6, a expressão “solte as ligaduras da impiedade”, significa soltar alguém preso a nós. Quando criticamos, julgamos, falamos mal do irmão estamos exercendo o papel de juiz e amarando o progresso espiritual nosso e de nosso irmão, porque o Espírito da Aliança não pode fluir livremente.
   Concluindo, liberar as pessoa para Deus, portanto, significa não manipulá-las, não exercer pressão psicológica, não agir em benefício próprio, porém dar livre curso, sendo um instrumento, um canal para a ação de Deus.